Cuidados com a saúde mental do responsável pela pessoa com deficiência
Neste mês de conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde mental, conversamos com a psicóloga Sandra Alexandrino, Coordenadora Estadual do Envelhecimento da Feapaes-PA, para refletirmos sobre a saúde mental dos familiares e responsáveis por pessoas com deficiência. Sandra, que atua no Centro de Atendimento Multidisciplinar de Saúde (CAMS) da Apae-Belém desde 2009, comenta sobre algumas atitudes que podem minimizar uma possível sobrecarga emocional e destaca a importância de se ter uma rede de apoio. Confira a entrevista a seguir.
1- Podemos afirmar que existe uma sobrecarga emocional naqueles que são responsáveis pelas pessoas com deficiência? Por quê?
Sandra Alexandrino - Não necessariamente, se essa pessoa tiver condições biopsicossocioeconômica e religiosa favorável. Agora, se essa pessoa é sozinha, sem apoio e em condições desfavoráveis, com certeza ela terá não só uma sobrecarga emocional, mas também um provável adoecimento físico ou mental.
As pessoas responsáveis por um PCD, tem além das responsabilidades "normais", como tarefas de casa, vida profissional, marido, filhos etc., precisa dividir tempo e preocupação com escola inclusiva, terapias, preconceito, alimentação (pois alguns têm restrições alimentares). Daí a necessidade de uma rede de apoio eficaz e segura.
2- Como amigos e familiares podem ajudar?
Sandra - Sendo rede de apoio, se oferecendo para ajudar. É importante frisar que, se não puder ajudar, evite julgar. As críticas e julgamentos prejudicam, dificultam, desmotivam, criam barreiras.
3 - Como ficar alerta aos riscos de um adoecimento psicológico?
Sandra - Essa pessoa precisa primeiro reconhecer seus limites, entender que não precisamos dar conta de tudo, e tudo bem. As pessoas precisam aprender que temos nossos limites humanos, não somos super-heróis.
4- Você poderia dar dicas para pais e responsáveis de pessoas com deficiência sobre como manter a saúde mental?
Sandra - Ter tempo de qualidade para si. Precisamos conhecer o nosso corpo, para identificarmos os sinais do adoecimento. Buscar ter um sono de qualidade. Dedicar momentos para lazer. Praticar atividades físicas. Realizar programas em família: refeições em família, assistir séries, filmes, jogos de tabuleiro, banho de mangueira, roda de conversa. Buscar ajuda, sempre que perceber que não está dando conta. A nossa saúde mental está relacionada à forma como reagimos às exigências da vida.
FIQUE ATENTO AOS SINAIS
De acordo com Sandra, sintomas como irritabilidade, estresse constante, variação de humor, taquicardia, fadiga, distúrbios do sono e alimentares, distúrbio intestinal, alguns sinais na pele (urticária) e instabilidade da pressão arterial podem ser alguns sinais de alerta.
Ela nos recorda que algumas possibilidades de atendimento gratuito são os plantões psicológicos nas faculdades de Psicologia, em Belém. Algumas igrejas também oferecem esse serviço de acolhimento. Na Apae Belém e de outros municípios com atendimento psicossocial, é realizado o acompanhamento das famílias, como uma forma de cuidar daqueles que cuidam das pessoas com deficiência.