Apae
18/07/2012
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Andréa Alves Nascimento
Emprego ou Trabalho? Este é o tema de uma das mesas de discussão do 3º Fórum Internacional Síndrome de Down, que acontece de 01 a 04 de agosto, em Campinas, promovido pela Fundação Síndrome de Down com apoio do Ministério da Saúde.
Desde 1991, a Lei 8.213, conhecida popularmente como Lei de Cotas, estabeleceu a obrigatoriedade da contratação de pessoas com deficiência para empresas com mais de 100 funcionários registrados. O número de vagas é proporcional ao número de empregados. A iniciativa, positiva, abriu portas e possibilidades para muita gente, mas ainda funciona de forma muito tímida na prática. Muitas empresas acabam não conseguindo preencher suas cotas, por desconhecimento, falta de informação, entre outros fatores. Ainda existe uma resistência de algumas empresas principalmente com relação ao deficiente intelectual, mas, por outro lado, aquelas que dão o primeiro passo fazem da inclusão um processo frequente, afirma Paula Chagas, assessora da Fundação Síndrome de Down, de Campinas/SP.
A entrada no mercado de trabalho, para todos os jovens, marca simbolicamente a passagem para a vida adulta. O jovem com deficiência vive o mesmo processo. A diferença é que este jovem com deficiência ainda tem que enfrentar preconceitos, conviver com o julgamento dos outros, o questionamento cotidiano da sua capacidade... É um grande desafio, aponta Paula, que atua no Serviço de Formação e Inserção no Mercado de Trabalho desenvolvido pela Fundação.
Quando falamos de inserção no mercado de trabalho, estamos falando de um trabalho realmente transformador. A inclusão real pela qual trabalhamos implica inserir o jovem numa situação de autonomia, independência, em que ele seja tratado como qualquer outro funcionário, com seus direitos e deveres, explica.
O primeiro passo no serviço de inserção no mercado é o curso de iniciação ao trabalho, realizado na própria fundação, com duração média de 4 a 5 meses. Qualquer pessoa acima de 18 anos pode participar do programa, sem limite de idade. Antes de chegar à empresa, o jovem passa por uma fase de aprendizado, até que se sinta preparado para encarar o mercado de trabalho, explica Paula. Muitas vezes o jovem chega com uma expectativa diferente da realidade, então também passamos pela fase de ajudá-lo a trabalhar estes desejos, o autoconhecimento, de suas habilidades, aptidões e também de suas limitações, completa.
Depois do curso, o jovem passa pelo programa de estágio em empresas parceiras, que não precisam cumprir cotas, mas que abriram suas portas para este trabalho. Finalmente, o jovem ou adulto é encaminhado para os processos seletivos. Após a conquista de uma vaga, há encontros semanais na própria Fundação. É um momento de nos reunirmos com o jovem, para trabalhar suas dificuldades, compartilhar suas experiências, diz Paula. Paralelamente, profissionais da Fundação fazem visitas à empresa, num trabalho que une toda a equipe de trabalho. O papel da Fundação é atuar como mediadora, até que empresa e o funcionário estejam prontos para lidar de forma autônoma com suas questões no ambiente de trabalho.
Falar em inserção no mercado de trabalho não se restringe ao aprendizado das tarefas e rotinas da empresa. As questões relacionais costumam ser bem mais difíceis. No esforço de ajudar, há alguns chefes que acabam superprotegendo o funcionário, evitando cobranças, infantilizando o jovem. Isso, no fundo, reproduz um comportamento bastante comum no que diz respeito à pessoa com deficiência. É preciso olhá-la como a pessoa que ela é, com suas particularidades, limites e características pessoais, que a distinguem das outras, independente de alguma deficiência ou não, defende Paula.
A nova situação do jovem com deficiência trabalhando também mexe muito com a família. Há pais que querem impor o trabalho ao jovem, há pais que inicialmente se opõe à ideia... É uma situação nova e importante para todos. Para os pais é sempre difícil ver o filho ‘sair do ninho, diz Paula. Para o jovem, afinal, todo este processo representa um grande crescimento pessoal. É uma grande conquista para esses jovens e hoje temos uma lista vasta de bons exemplos, que deram certo.
Além da assessora da Fundação, Paula Chagas, outros especialistas falarão sobre a inclusão no mercado de trabalho durante o 3º Fórum Internacional Síndrome de Down. Foram convidados como palestrantes Marius Peralta Correas, diretor de serviços pedagógicos da Fundación Catalana Síndrome de Down, da Espanha; Vinicius Garcia, doutor em Economia Social e do Trabalho pelo Instituto de Economia da Unicamp e a analista de Recursos Humanos Letícia Romera, que vai apresentar a visão da empresa sobre a empregabilidade da pessoa com deficiência.
As inscrições para o 3º Fórum Internacional Síndrome de Down, podem ser feitas pelo site www.fsdown.org.br/forum/. O objetivo do Fórum é possibilitar a troca de experiências e reflexões a respeito do novo paradigma social da pessoa com deficiência intelectual. Para isso, serão discutidos aspectos como o papel da família, educação inclusiva, saúde mental e envelhecimento, além de questões ligadas a acessibilidade, políticas públicas e legislação, incluindo debates a respeito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência. O evento disponibilizará, de acordo com a necessidade do público, recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual (audiodescrição), auditiva (LIBRAS) e física. Os recursos de acessibilidade podem ser solicitados no formulário de inscrição.
Sobre a Fundação Síndrome de Down
A Fundação Síndrome de Down tem como missão promover o desenvolvimento integral da pessoa com Síndrome de Down nos aspectos físico, intelectual, afetivo e ético. Sua equipe técnica interdisciplinar é formada por profissionais de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, pedagogia, terapia ocupacional e neuropediatria. A Fundação conta ainda com a consultoria de profissionais especializados nas áreas de psiquiatria, além de manter permanente contato com profissionais de referência nas áreas de organização de serviços para pessoas com síndrome de Down e inclusão no mercado de trabalho.
Serviço:
3º Fórum Internacional Síndrome de Down
Data: de 01 a 04 de agosto de 2012
Local: Campinas/SP – Auditório do Centro de Convenções da Unicamp - Av. Érico Veríssimo, s/n – Unicamp – Barão Geraldo
Realização: Fundação Síndrome de Down
Contato: (19) 3289-2818
Inscrições pelo site: http://www.fsdown.org.br/forum/